quinta-feira, 13 de maio de 2010

6.4.1.3 - Portugal, uma sociedade capitalista dependente - A dinamização da actividade produtiva

Sob o signo do Livre Cambismo 

A Regeneração procurou acabar com o proteccionismo manufactureiro que vigorava desde o período do Setembrismo entre 1836 e 1842.
Fontes Pereira de Melo pretendia resolver alguns dos problemas que afectavam a economia nacional. Tomou por isso várias medidas:

  • publicou uma nova pauta alfandegária em 1852, mais liberal e obedecendo a alguns dos princípios livre-cambistas mais vulgarizados na época. 
  • reduzir os impostos que incidiam sobre matérias primas importadas como o ferro e o linho mas sem esquecer a necessidade de proteger alguns sectores industriais. 
  • abriu os mercados externos à nossa agricultura promovendo a exploração capitalista dos campos. 
No entanto nem todas as medidas tomadas pelo Fontismo, foram no sentido do livre-cambismo. Para uma economia atrasada como a portuguesa foi necessário acompanhar as medidas de liberalização do comércio, com medidas de protecção de algumas actividades e sectores económicos. O Liberalismo económico foi no entanto a via económica mais adoptada. 

Além das medidas adoptadas, Fontes Pereira de Melo procurou actualizar o panorama empresarial e económico do país promovendo ocasiões e eventos que dinamizassem os contactos entre Portugal e as outras economias: 
  • promoveu exposições internacionais, Exposição Agrícola Nacional 1864, Exposição Industrial do Porto de 1856, etc  
  • dinamizou o associativismo empresarial: Associação Industrial do Porto, Associação Promotora da Industria Fabril em Lisboa, Associação Central da Agricultura Portuguesa. 
  • dinamizou a formação de associações de socorros mútuos de operários. 


Exploração capitalista dos campos

Tomaram-se várias medidas tendentes a modernizar a agricultura e agro-pecuária
  • extinção de morgadios em 1863, 
  • abolição dos baldios e pastos comuns, 
  • arroteamentos de terrenos incultos do Estado,
  • extinção de pousios e aplicação de técnicas modernas de aproveitamento dos solos, 
  • maquinização agrícola, 
  • utilização de adubos químicos, 
  • novas técnicas de pecuária. 
As medidas tomadas não resolveram as dificuldades existentes. A reduzida extensão agrícola e a falta de capitais não permitiu a inovação tecnológica desejada principalmente no norte do país. Apenas no centro e sul tal foi possível nas lezirias e planícies alentejanas. 

Os principais produtos exportados foram o vinho, o gado vivo, casulos de seda, cortiça, laranjas e frutos secos. 

A difícil industrialização

Apesar do grande interesse dado ao sector agrícola os governos da Regeneração procuraram lançar o país na via da industrialização e modernização. Tomaram-se por isso várias medidas: 

  • Em 1852 foi criado o ensino industrial para a formação de técnicos
  • Diversificaram-se os ramos de actividade: texteis, metalurgia, cerâmica e vidro mas também tabacos, papel, moagem, fósforos, cortiça, conservas de peixe e outras industrias alimentares. 
  • Cresceu o número de unidades industriais e operários embora este número no total fosse relativamente baixo comparativamente a outros países. Têxtil, metalúrgica, cerâmica, vidro, tabacos, papel, moagem, conservas de peixe
  • importaram-se máquinas industriais, registo de patentes subiu, multiplicaram-se as aplicações industriais da máquina a vapor. 
  • importou-se algodão desde 1875 para a indústria têxtil algodoeira
  • tomaram-se medidas para aumento de número de sociedades anónimas. 
Apesar das medidas, a competitividade da indústria foi sempre baixa servindo apenas para abastecimento do mercado interno e das colónias. Depois de algum crescimento económico até 1870 a economia passou por dificuldades várias. As razões para esse facto são várias: 
  • existência de poucas matérias primas no território nacional. Falta de algodão, ferro e carvão de má qualidade. 
  • fraco mercado interno não permitia fortalecimento da indústria
  • Escassos capitais investidos na indústria. A classe investidora era tradicionalmente especuladora procurando sectores mais rentáveis como o imobiliário e a especulação finaceira


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