Sob o signo do Livre Cambismo
A Regeneração procurou acabar com o proteccionismo manufactureiro que vigorava desde o período do Setembrismo entre 1836 e 1842.
Fontes Pereira de Melo pretendia resolver alguns dos problemas que afectavam a economia nacional. Tomou por isso várias medidas:
- publicou uma nova pauta alfandegária em 1852, mais liberal e obedecendo a alguns dos princípios livre-cambistas mais vulgarizados na época.
- reduzir os impostos que incidiam sobre matérias primas importadas como o ferro e o linho mas sem esquecer a necessidade de proteger alguns sectores industriais.
- abriu os mercados externos à nossa agricultura promovendo a exploração capitalista dos campos.
No entanto nem todas as medidas tomadas pelo Fontismo, foram no sentido do livre-cambismo. Para uma economia atrasada como a portuguesa foi necessário acompanhar as medidas de liberalização do comércio, com medidas de protecção de algumas actividades e sectores económicos. O Liberalismo económico foi no entanto a via económica mais adoptada.
Além das medidas adoptadas, Fontes Pereira de Melo procurou actualizar o panorama empresarial e económico do país promovendo ocasiões e eventos que dinamizassem os contactos entre Portugal e as outras economias:
- promoveu exposições internacionais, Exposição Agrícola Nacional 1864, Exposição Industrial do Porto de 1856, etc
- dinamizou o associativismo empresarial: Associação Industrial do Porto, Associação Promotora da Industria Fabril em Lisboa, Associação Central da Agricultura Portuguesa.
- dinamizou a formação de associações de socorros mútuos de operários.
Exploração capitalista dos campos
Tomaram-se várias medidas tendentes a modernizar a agricultura e agro-pecuária
- extinção de morgadios em 1863,
- abolição dos baldios e pastos comuns,
- arroteamentos de terrenos incultos do Estado,
- extinção de pousios e aplicação de técnicas modernas de aproveitamento dos solos,
- maquinização agrícola,
- utilização de adubos químicos,
- novas técnicas de pecuária.
As medidas tomadas não resolveram as dificuldades existentes. A reduzida extensão agrícola e a falta de capitais não permitiu a inovação tecnológica desejada principalmente no norte do país. Apenas no centro e sul tal foi possível nas lezirias e planícies alentejanas.
Os principais produtos exportados foram o vinho, o gado vivo, casulos de seda, cortiça, laranjas e frutos secos.
A difícil industrialização
Apesar do grande interesse dado ao sector agrícola os governos da Regeneração procuraram lançar o país na via da industrialização e modernização. Tomaram-se por isso várias medidas:
- Em 1852 foi criado o ensino industrial para a formação de técnicos
- Diversificaram-se os ramos de actividade: texteis, metalurgia, cerâmica e vidro mas também tabacos, papel, moagem, fósforos, cortiça, conservas de peixe e outras industrias alimentares.
- Cresceu o número de unidades industriais e operários embora este número no total fosse relativamente baixo comparativamente a outros países. Têxtil, metalúrgica, cerâmica, vidro, tabacos, papel, moagem, conservas de peixe
- importaram-se máquinas industriais, registo de patentes subiu, multiplicaram-se as aplicações industriais da máquina a vapor.
- importou-se algodão desde 1875 para a indústria têxtil algodoeira
- tomaram-se medidas para aumento de número de sociedades anónimas.
Apesar das medidas, a competitividade da indústria foi sempre baixa servindo apenas para abastecimento do mercado interno e das colónias. Depois de algum crescimento económico até 1870 a economia passou por dificuldades várias. As razões para esse facto são várias:
- existência de poucas matérias primas no território nacional. Falta de algodão, ferro e carvão de má qualidade.
- fraco mercado interno não permitia fortalecimento da indústria
- Escassos capitais investidos na indústria. A classe investidora era tradicionalmente especuladora procurando sectores mais rentáveis como o imobiliário e a especulação finaceira
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