terça-feira, 13 de abril de 2010

6.2.1 A sociedade industrial e urbana

Explosão Populacional


Processo acelerado de crescimento de população no século XIX:
  • Duplicação da população mundial
  • Europa teve maior crescimento relativo no século XIX. continente mais povoado. Brancos europeus colonizaram todos os continentes exceptuando a Ásia ao longo do século. 
Motivos de tão célere desenvolvimento demográfico devido a redução da mortalidade infantil e aumento da esperança de vida. 
  • avanços na saúde 
  • recuo das pestes e epidemias 
  • melhores condições de higiene das populações europeias
  • Melhor alimentação 
  • melhores salários e nível de vida
Expansão urbana

Urbanismo intenso nos países mais industrializados. Cidades concentram maioria da população europeia como resultado de
  • expansão demográfica 
  • industrialização 
  • êxodo rural
  • imigração
População rural decresce nos países da Europa na razão inversa do crescimento industrial. Aumento do sector secundário e terciário da economia.
Problemas de miséria, promiscuidade e anomia social põem em causa coesão das populações urbanas e geram delinquência e decadência dos valores  e da identidade.



Migrações e Emigração

Entre 1850 e 1914 os fluxos migratórios multiplicam-se entre zonas do mesmo país, diversos países do mesmo continente e países em diferentes continentes. Factores favoráveis como a rapidez das comunicações e os estímulos institucionais dos sindicatos e governos para a emigração.


  • Migrações internas como as sazonais por razões profissionais e os êxodos rurais provocados pelo grande atraso do mundo rural face às perspectivas do mundo urbano.
  • Emigração da Ásia para a América do Norte e da Europa para a América do Norte, Sul e Oceania. Motivos económicos e demográficos, políticos e religiosos.


Uma sociedade de classes
Na sociedade liberal, a diferenciação social é baseada em
  • Riqueza
  • profissão 
  • cultura e instrução
  • opções políticas
Sociedade marcada pela mobilidade social. Duas grandes classes opõem-se: 
Burguesia e proletariado. Uma terceira desenvolve-se com o crescimento da vida urbana e o desenvolvimento dos estados: a classe média
Burguesia marcada pela estratificação e heterogeneidade: 
  • Alta burguesia empresarial e financeira domina a sociedade oitocentista e contemporânea. Poder económico, político e influência social atribuem-lhe grande importância na tomada de decisões políticas. Muito influente nos países mais modernizados e industrializados, encontra dificuldades  em se impor nos países mais tradicionalistas e da periferia europeia. Valores tradicionais, família, trabalho, respeitabilidade, êxito individual, persistência. Empresários, comerciantes. Grande desenvolvimento dos sectores secundário e terciário e das profissões urbanas.
  • Classes médias conservadoras, o desenvolvimento das classes médias urbanas está ligado ao grande desenvolvimento do sector terciário. Apostando na permeabilidade social, possível nesta sociedade liberal, as classes médias são geralmente de origem humilde quando não é rural e aspiram à promoção social. As classes médias são heterogéneas: além de empregados de loja, armazéns, funcionários dos serviços e do Estado, são advogados, farmaceuticos, médicos, oficiais militares, engenheiros, intelectuais e artistas. A sua autoridade e estatuto derivava da sua preparação académica e preparação técnica. A sua importância política derivava do seu número e importância em termos eleitorais. Geralmente mais esclarecidos que a maioria da população o seu voto era importante dado o seu pendor conservador, sendo uma classe decisiva na contagem de votos para determinar vencedores nos países onde o sufrágio universal se implantou. Vocação conservadora das classes médias: sentido da ordem, estatuto, hierarquias rejeição do estilo reivindicativo do operariado. Valores da familia, religião, respeitabilidade. 
Operariado

O operariado nasceu com a revolução industrial. Designado de proletariado, o operariado apenas dispõe da sua força de trabalho para sobreviver numa época em que todos os bens são permutados por meio de dinheiro e quando os trabalhadores apenas dispõem do trabalho para o obterem. 

O operariado surgido na Inglaterra quando acorria às cidades em busca de trabalho após se verem sem saídas no mundo rural, procurava meios de subsistência e estavam sujeitos à exploração dos donos das fábricas. Eram sujeitos a péssimas condições de trabalho, salários baixos, longos horários de trabalho de 12 e 16 horas sem feriados, férias ou descanso. 

No mundo do liberalismo económico o trabalho e o salário eram precários dependendo apenas da força de trabalho e da oferta. Além dos homens também as crianças e as mulheres entraram no mundo industrial devido ao facto de lhes serem pagos salários menores em trabalhos que não requeriam grande força física. 

Associativismo e sindicalismo

Os operários começaram desde cedo a associarem-se para mútua defesa e para reclamarem melhores condições. Na Inglaterra o movimento luddita (Ned Ludd) lutava contra a exploração destruindo máquinas e assaltando as casas dos industriais. Greves e revoltas deram-se também por toda a Europa mas faltava uma organização e unidade que desse sentido a tais reivindicações. 
Surgiram assim as mutuas ou associações de socorros mútuos semelhantes às confrarias medievais que apoiavam os desenraizados e os socorriam em caso de desgraça ou desemprego. 
Tais associações evoluiram no sentido da politização criando-se também os sindicatos. Vivendo das quotizações, apoiavam os associados e organizavam as suas iniciativas dando mais organização e força às suas acções reivindicativas. Os sindicatos são associações de trabalhadores para defesa dos seus interesses profissionais.

A partir de 1870 o sindicalismo ganhou força em países muito industrializados como a Inglaterra, os EUA, a Alemanha e a França. manifestações e greves tornaram-se frequentes nos períodos de crise e de dificuldades.
As reivindicações mais frequentes foram o dia de trabalho de 8 horas, a luta por melhores condições de trabalho e melhores salários.

Socialismo utópico
Saint Simon, Fourier, Robert Owen, Blanc, propunham que a sociedade criasse cooperativas de produção e de consumo e que o Estado proporcionasse justiça social.
Proudhon defendia a abolição da propriedade privada propondo a criação de associações mutualistas e o fim do Estado que considerava espoliador.

doutrinas_sociais

Socialismo Científico
Marx e Engels escreveram em 1848 o Manifesto do Partido Comunista.



  • Nessa e noutras obras como O Capital interpretaram a História como uma sucessão de modos de produção desde o esclavagismo ao capitalismo cuja transição se fez ao longo da História através da luta de classes pela melhoria das condições de existência. 
  • A mais valia do patrão só em parte vai para pagar ao operário e por isso na luta pela melhoria das suas condições de vida e pelo fim da exploração o capitalismo desapareceria. 
  • Isso só seria possível pela acção política dos operários organizados em sindicatos e partidos que fariam a revolução socialista e expulsariam os burgueses do Estado permitindo aos operários conquistar o poder e instaurar a ditadura do proletariado que levaria ao Comunismo. 
  • Comunismo seria a abolição das classes e da propriedade privada. 
  • Marx e Engels apelaram ao Internacionalismo proletário como forma de levar a revolução a todos os países e acabar com a exploração. Surgiram assim as associações proletárias designadas de Internacionais Operárias organizações transnacionais que agregavam associações operárias de vários países. A 1ª Internacional fundou-se em Londres em 1864 e agregou variados partidos comunistas mas encontrou a oposição dos proudhonianos e anarquistas que propunham a abolição do Estado. 
  • A 2ª Internacional fundou-se em Paris em 1889 e encontrou por sua vez a oposição dos revisionistas socialistas depois do afastamento dos anarquistas, substituindo a revolução proletária e a luta de classes pela transição gradual para o socialismo. A Internacional acabou em 1914 no início da 1ª Guerra Mundial.  

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