quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

5.3.1 A Europa e a Revolução Francesa

Algumas questões se colocam quando se discute o impacto da Revolução Francesa no mundo da época:

Quais as razões que levaram os países europeus a recear a Revolução?

A guerra entre a França e a coligação de Pillnitz (Aústria, Prússia) não foi só uma guerra de defesa da revolução mas também uma guerra de expansão do ideário revolucionário e libertário. Assim se tornou rapidamente em guerra de conquista feita pela Convenção e Directório. Ocupando vários países europeus onde levaram os ideais revolucionários, Napoleão despertou de novo antagonismos antigos principalmente da Inglaterra que se tornou primeira força internacional capaz de se opor à expansão imperial de Napoleão,  procurando evitar a expansão das ideias contrárias ao absolutismo. 

Até 1807 as conquistas sucederam-se;  a partir de 1812 houve uma estagnação da expansão napoleónica e em 1815 as derrotas consecutivas acabaram com o Império. 
Tem início então a coligação europeia contra a França na batalha das Nações (confederação do Reno) que acabou com a derrota de Napoleão. Com a capitulação de Paris, o imperador foi obrigado a abdicar.

Governo dos Cem Dias
Tratado de Fontainebleau, de 1814, exilou Napoleão na Ilha de Elba, de onde fugiu no ano seguinte. Desembarcou na França com um Exército e reconquistou o poder. Inicia-se então o Governo dos Cem Dias. A Europa coligada retoma sua luta contra o exército francês. Napoleão entrou na Bélgica em junho de 1815, mas foi derrotado por uma coligação anglo-prussiana na Batalha de Waterloo e abdicou pela segunda vez, pondo fim ao Império Napoleónico. Mas a expansão dos ideais iluministas continuou.
Napoleão foi preso e exilado pelos britânicos na ilha de Santa Helena em 15 de outubro de 1815. Lá, com um pequeno legado de seguidores, contava suas memórias e criticava aqueles que o capturaram.
Finalmente em 1815 os países da Europa reuniram-se em Viena de Áustria para discutirem o futuro dos territórios napoleonicos. 


Qual a importância política das decisões tomadas no Congresso de Viena de 1815

Neste congresso, reuniram-se os grandes impérios europeus com os objectivos de: 

  • restaurar a legitimidade monárquica na França. Luis XVIII irmão de Luis XVI tomou o poder em 1814. (Luis XVII filho 2º de Luis XVI morreu em 1794 de escrofulose). 
  • impedir as ambições revolucionárias francesas e a expansão das ideias liberais a outros países da Europa. 
  • organizar uma coligação de países que garantissem a paz e a estabilidade das fronteiras europeias: Tripla Aliança (Áustria, Prússia e Rússia) e Quadrupla Aliança (mais a Inglaterra). Pretendiam evitar o alastramento dos movimentos liberais na Europa. 
  • Criar um conjunto de países tampão nas fronteiras da França que impedissem a sua expansão, Países Baixos e Piemonte Sardenha. 
  • Restaurar as fronteiras europeias anteriores à revolução francesa e recolocar os antigos monarcas no poder em França. Luis XVIII
  • Estabeleceu-se o principio das nacionalidades e da legitimidade política dos estados-nação 

No entanto os objectivos políticos dos países vencedores não foram atingidos. 

Os países vencedores da guerra anexaram diversos territórios europeus violando mesmo alguns dos princípios defendidos como o principio das nacionalidades. O principio das nacionalidades acabou por fundamentar uma onda de nacionalismo que alastrou da Europa à América Central e do Sul provocando nos anos seguintes a  independência de  dezenas de novos estados e a revolução liberal em vários estados europeus absolutos nomeadamente nos países ibéricos, invadidos pelas tropas napoleónicas. 

Ver também artigo 

As conquistas e os princípios liberais napoleonicos tiveram consequências ? 

Até 1824 países europeus e respectivas colónias sofreram os efeitos das ideias liberais. Revoluções e movimentos de independência alastraram pelo sul da Europa e Américas
Grécia, Bélgica tornaram-se independentes, guerras civis entre liberais e absolutistas em Portugal e Espanha entre 1829 e 1839.
Em 1848 a república é restaurada na França e revoltas liberais sucedem-se na Austro-Hungria, Alemanha e Itália mas as revoluções não têm continuidade e na própria França Luis Napoleão proclama-se Imperador em 1852. 
Em 1860 a Itália torna-se por fim monarquia constitucional e país independente e em 1870 a Alemanha unifica-se sob a autoridade do imperador Guilherme I da Prússia que com a ajuda de Bismarck inicia campanhas políticas e militares que vão levar os alemães até Paris obrigando o Imperador Luis Napoleão a abdicar e a restauração da 3ª República francesa com Thiers como presidente. 

A instabilidade politica e militar na Europa continuava. Eram agora pretexto as ambições expansionistas e a rivalidade político militar entre as grandes potências europeias Inglaterra, França e a nova Alemanha. 

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